A endometriose atinge uma mulher em cada nove na população mundial. Perto de 50% destas mulheres padecem de infertilidade e dor pélvica crônica com perda da qualidade de vida. Aproximadamente entre 9% a 15% das mulheres com endometriose desconhecem que possuem a doença, pois formam um grupo de portadoras assintomáticas .
A maioria das mulheres tem o diagnóstico de endometriose diagnosticada durante as investigações de fertilidade ou dor na vigência de relações sexuais associadas a dismenorreias (cólicas menstruais) progressivas, resistente a tratamento clinico. Não é incomum encontrarmos neste grupo etário de mulheres com menos de 30 anos estágios avançados da endometriose comprometendo definitivamente a fertilidade, sendo estas candidatas a fertilização in vitro ou reprodução assistida. Fica sempre uma pergunta quando nos deparamos com mulheres jovens com quadros severos da doença. Quando iniciou? Poderíamos evitar sua progressão e preservar a anatomia e a fertilidade? Assim as pesquisas se voltaram para grupos de adolescentes com quadros sugestivos de endometriose e não foi surpresa encontrar em diversos trabalhos internacionais, que este grupo etário também estava exposto aos riscos da endometriose.
Outra pergunta fazemos. Por que existe dificuldade de diagnósticos da endometriose na adolescente?
Primeiro pelo desconhecimento por parte de profissionais, educadores que convivem com este grupo. Segundo porque existe preconceito ainda em nosso meio de visitar o ginecologista na adolescência. Como nas duas últimas décadas houve mudança de comportamento da adolescente com início precoce das relações sexuais, utilização de métodos anticoncepcionais, gravidez na adolescência e informações mais acessíveis, permitiu se verificar neste grupo de meninas, os sinais que poderiam predizer a existência de uma endometriose mínima, como a temperatura corporal basal no início do fluxo menstrual com retorno a normalidade ao final da menstruação. Em trabalho do prof Enrique Onetto de Santiago do Chile, encontrou perto de 84% de positividade com achados de endometriose, 5% sinais duvidosos e 11% de outros achados de outras patologias ginecológicas .
Proposta atual de gerenciamento de endometriose na adolescente, sinal de benjamin positivo, síndrome pré-menstrual, dismenorreia, dispaurenia, devem ser realizada a videolaparoscopia ou minilaparoscopia. O tratamento recomendado, os análogos gnrh e anticoncepcionais orais a base de gestrinona/gestodeno. Devem ser investigadas meninas com antecedentes familiares, mãe, irmãs, ou gêmeas univitelinas.
Paulo Guimarães